Durante o ano nossas vidas, individual, familiar, social, têm dias especiais (aniversários de nascimento ou casamento, feriados etc...). Na Igreja não é diferente: também temos o nosso calendário. Nós o chamamos de “Ano Litúrgico” e é o “Calendário Religioso” de todos os cristãos. Ele não coincidiu com o ano civil, que começa no dia primeiro de janeiro e termina no dia 31 de dezembro. O Ano litúrgico começa e termina quatro semanas antes do Natal. Mas por que essa diferença? Qual sua importância?
O cristianismo não fala da salvação como algo distante de nós, mas como algo concreto, realizado por meio de ações específicas de Deus em tempos e lugares definidos. O Povo de Israel esperou a vinda do Salvador durante milhares de anos. E “quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de uma mulher” (Gl 4,4). Na terra ele recebeu o nome de Jesus e viveu como um de nós, menos no pecado (Hb 4,15).
A maneira como usamos o nosso tempo é uma boa indicação do que consideramos importante em nossa vida. A mesma coisa se aplica à Igreja. A Igreja mostra o que mais importa para a sua vida pela forma como observa o tempo. Para a Igreja o centro da história é a pessoa de Jesus Cristo: o Alfa e o Ômega, o principio e o fim (Ap 1, 8). O Ano litúrgico é simplesmente a pessoa de Jesus Cristo e Seu mistério celebrado sacramentalmente como "memória" (o que aconteceu), "presença" (o que está acontecendo) e "profecia" (o que acontecerá).
O tempo não para
O Ano Cristão não é uma coisa constrangedora ou repetitiva. Muito pelo contrário, é sim uma fonte que nos dá oportunidade ao longo dos anos de concentrarmo-nos e crescermos nos mistérios profundos da fé.
Ele nos proporciona de maneira cíclica, conhecermos as variedades e riquezas bíblicas no seu decorrer. Livra-nos da tentação de centrarmos nossa atenção apenas em textos que nos são convenientes. Assim cada páscoa, cada festa, cada data nos traz a memória à ação de Deus e a Ressurreição de Cristo na Igreja.
O Ano Cristão é formado de dois ciclos de festas. Um depende da data fixa de 25 de dezembro, a Festa do Nascimento de Jesus Cristo, Dia de Natal. O outro deles depende da data móvel do Domingo da Páscoa. O Natal tem uma preparação, que é o Advento; e a Páscoa tem também um tempo de preparação, que é a Quaresma. Ao lado do Natal e da Páscoa está um período longo, de 34 semanas, chamado Tempo Comum. O Domingo é o dia do nosso descanso, do encontro com Deus. O domingo está na a origem da Celebração do Mistério Pascal, da memória dos feitos do Senhor, que a Igreja celebra nas festividades durante o ano inteiro. A palavra “Domingo” (Dominus) significa “do Senhor”. É o dia da Ressurreição do Senhor, celebrados pelos cristãos desde o início (At 20, 7). Por isso todos os domingos do Ano Cristão têm caráter pascal. Todos os Domingos do ano são festas de nosso Senhor Jesus Cristo.
O Ano Litúrgico começa com o Primeiro Domingo do Advento, próximo a 30 de Novembro, e termina no último sábado do Tempo Comum, que é na véspera do Primeiro Domingo do Advento do ano seguinte. A Palavra de Deus tem lugar especial no nosso culto. Ela é lida e meditada durante todo o ano. Temos dois grandes lecionarios (onde são “lidas” os trechos da Bíblia): o Semanal e o Dominical. No dominical lemos os Quadro Evangelhos, divididos em ano A (Mateus), B (Marcos) e C (Lucas), sendo que o evangelho de João é lido durante as festas e momentos especIEFPs do ano.
Sabemos que o Evangelho, como Mensagem de salvação, é um só. Porém cada evangelista mostrou Jesus sobre uma perspectiva. Os três primeiros (Mateus, Marcos e Lucas) têm muita semelhança entre si (por isso são chamados de “sinóticos”: que vêem do mesmo lugar), enquanto o de João tem um estilo diferente e destaca o mistério de Jesus como Filho de Deus.
1. Advento (Espera) / Advento (Espera): Compõe-se de quatro semanas. Começa quatro domingos antes do Natal e termina no dia 24 de dezembro. A cor das vestes litúrgicas é roxa, embora já existam igrejas adotando o azul para diferenciar da Quaresma. A cor e a espiritualidade desse tempo e chama a atenção para a purificação e a esperança na ação de Deus em nossas vidas. É tempo de “arrumar a casa” para a Vinda do Messias. São lidas as profecias e acessa a Coroa do Advento em que se destacam as personagens de Isaias, João Batista, A Virgem Maria e o próprio Messias.
2. Natal e Epifania: Começa aos 25 de dezembro e se prolonga por três domingos. A cor é branca, simbolizando a pureza, a brilhante luz da verdade, festa, alegria e comemoração. Celebramos, com grande alegria, o Nascimento de Jesus, que se fez Homem para a nossa Salvação. É a festa da paz, da fé e do acolhimento ao Messias. Neste tempo comemoramos ainda as festas relacionadas a “manifestação do Senhor ao mundo” (Epifania), que são o Santo Nome do Nosso Senhor (01/01), a Epifania (06/01), mais conhecida como Dia dos Santos Rei.
3. Tempo comum: Possui dois momentos. Na primeira metade do ano, concentramos nossa atenção na vida de Cristo, e, na segunda, no seu ensino. A primeira inicia-se logo após o Batismo do Senhor, celebrado no Primeiro Domingo depois da Epifania, e se interrompe na terça - feira antes da Quarta - Feira de Cinzas. Depois recomeça na segunda - feira após o Pentecostes e vai até o sábado antes do Primeiro Domingo do Advento. A cor é verde simbolizando a vida e a esperança. O Tempo Comum é um período sem grandes acontecimentos, mas de grande significado para a Igreja. Nele se apresenta a vida e a pregação de Jesus na rotina do seu dia a dia. É o tempo da nossa missão no mundo. Tempo de esperança e vivência da Palavra de Deus e do seu Reino.
3. Quaresma: Começa na Quarta – Feira de Cinzas e termina na quarta – feira da Semana Santa. A cor é roxa marcando a conversão e a penitência. É tempo de preparação para a Páscoa, de jejum, reflexão e oração. Na quaresma não dizemos “aleluia”, nem colocamos flores na Igreja ou cantamos o “Glória”. Os instrumentos musicais e as musicas devem ser moderados nos guiando a meditação e a conversão de vida.
A Páscoa começa com o Tríduo pascal, na Quinta – Feira da Semana Santa. O ponto alto é a Ressurreição do Senhor, na Vigília Pascal. O período pascal dura 50 dias, precisamente até a Festa de Pentecostes. A cor é branca ou dourada, símbolo da alegria e da realeza.
5. Pentecostes: Celebrada como o próprio nome diz, 50 dias depois da páscoa. É a Festa da descida do Espírito Santo sobre sua Igreja. A cor é vermelha; simbolizando o fogo do Espírito Santo. Nos lembra de nosso potencial e responsabilidade como discípulos e continuadores da missão dos Apóstolos.
A memória dos Santos
A Igreja é mais que uma instituição, ela é um corpo: o “Corpo místico de Cristo” (I Cor 12, 12-13; 27). É o que chamamos “Comunhão dos Santos” conforme dizemos no Credo: “Creio na Santa Igreja Católica, na Comunhão dos Santos...” Dessa Igreja fazem partes todos os batizados, espalhados por todo mundo. Não apenas os vivos, a Igreja Peregrina e Militante; como também os que já estão no céu, como Igreja Gloriosa e Triunfante. Entre todos os membros dessa Igreja existe intercomunhão da Graça ou dos Santos por meio de Cristo. Uns oram pelos outros, como membros de uma mesma família (Ap 7,2-4.9-14).
Por isso podemos invocar a Deus com eles, não por seus próprios méritos ou valores, mas porque suas vidas glorificam e testemunham Cristo. Pois como afirmou Santo Ambrosio: “A vida dos santos é norma para os outros”.
De modo a observar nossa unidade de comunhão através de toda a Igreja, um dia do ano é separado para nos lembrarmos de todos os fiéis que partiram: isto é o Dia de Finados (02/11), que ocorre depois do Dia de Todos os Santos (01/11). Entre os santos de Deus está, em primeiro lugar, Maria, a Mãe de Jesus (Mateus 2,1; Marcos 3,32; Lucas 2,48; João 19,25). A nossa reverência a Maria está fundada na Palavra de Deus. (Lucas 1, 41-42; 45). Maria recebeu de Deus a “plenitude da graça” (kecharitomene, gratia plena) e, por esta razão, é saudada pelo Anjo como “cheia de graça” (Lucas 1,28). A mesma Maria, reconhecendo sua pequenez de serva agraciada por Deus, reconhece: “Todas as gerações me chamarão de bem – aventurada” (Lucas 1,48). É exatamente por causa de sua proximidade única com Jesus que nós nos lembramos dela com tanta freqüência na Igreja, em festas especiais dedicadas a ela e ao Seu Filho: Santo Nome do Senhor (01/01), Apresentação no Templo (02/02), Anunciação (25/03), Visitação (31/05), Bem – aventurada Virgem Maria, Mãe do Senhor (15/08), Natividade da Bem - aventurada Virgem Maria (08/12), etc.
Há diversos tipos de santos e santos: mártires, apóstolos, pastores, missionários, freiras, monges, catequistas, teólogos etc. O Calendário de nosso (Santoral) LOC não esgota o número de tais santos. Na verdade, dá-nos apenas uma pequena lista deles. Mas para outros quaisquer que desejemos comemorar, o LOC provê coletas para o dia de um santo (p. 146-148).