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A MISSA ANGLICANA
A MISSA ANGLICANA

A MISSA ANGLICANA

 

A MISSA ANGLICANA - PARTE POR PARTE

Deus quer amigos e não escravos

 

A Eucaristia é o culto mais sublime que oferecemos ao Senhor. Nós não vamos à missa somente para pedir, mas também para louvar, agradecer e adorar a Deus. Mas Deus quer amigos e não escravos. O escravo obedece, mas amigo ama e participa. Às vezes vamos fazendo as coisas sem saber por quê. Principalmente quando se trata de religião. Muitos confundem fé com superstição. Assim pode acontecer com a missa. Alguém entra na igreja, olha, acompanha tudo, faz os mesmos gestos, mas sem saber o que está dizendo e o que está fazendo. Por isso aproveita muito pouco da celebração.

Ninguém ama o que não conhece

E você, por que vai à Missa? Por costume? Por obrigação? Você vai de vez em quando ou todos os domingos? Vai para cumprir preceito ou para adorar a Deus? A celebração eucarística é muito mais que uma oração. Precisamos conhecê-la melhor. Ninguém ama o que não conhece. Muita gente não entende nem o roteiro da missa. Fica “perdido” dentro da Celebração. É claro que o “rito” não é o mais importante, mas é o primeiro passo para começarmos a compreender melhor a Celebração.

Liturgia, oração de todo o Povo.

 

A igreja foi sempre à casa de Deus e o lugar de oração. Jesus freqüentava o Templo de Jerusalém com Maria, José e os Apóstolos. Mas há gente que diz: “Eu rezo em casa. Não gosto de aparecer. Deus está em todos os lugares etc”.

Deus nos fez para o convívio humano e não para o isolamento. Nossa natureza é “social”. Ora, se em tudo gosto de estar com os outros, por que hei de sufocar minha fé fechando-me num quarto escuro e orando sempre sozinho? Jesus mesmo ensinou a importância da oração em comunidade (Mt 18, 19-20). A desculpa de que rezar em casa é a mesma coisa que ir à missa é por demais pretensiosas!É querer fazer da reza particular algo melhor que a missa, que é celebrada por toda uma comunidade! A igreja é o novo Povo de Deus. Com ela Jesus fez a Nova e Eterna Aliança no seu Sangue. A palavra “igreja” significa “assembléia”. É um povo reunido na fé, no amor e na esperança de Jesus Cristo. Os Apóstolos reuniam a comunidade cristã para ouvir a Palavra de Deus, orar e celebrar a Eucaristia (At 2, 43-47). Na missa fazemos parte de uma grande “torcida”: a Assembléia dos filhos de Deus, que tem como herança o Reino dos céus.

 

O que é a missa?

A Santa Missa ou Santa Eucaristia é o ponto central da vida da Igreja. Ela representa um “aperitivo” da comunhão plena entre o céu e a terra. A missa é o "sacramento" (meio de graça) por excelência. Por isso que alguém já disse que a “Igreja faz a Eucaristia e a Eucaristia faz a Igreja”. A Eucaristia reúne duas coisas: como Sacramento, “renova” a Ceia Pascoal; e como Sacrifício “atualiza” o ato redentor de Cristo na cruz em nossas vidas. Pois, na Ceia, Jesus deu aos discípulos o seu sangue que ia ser “derramado” pela redenção da humanidade. Daí a íntima ligação da Eucaristia com o Sacrifício de Jesus. A Missa, porém é um sacrifício diferente. Não tem aquele sentido de “morte”, próprio dos sacrifícios dos pagãos. Ela é o “Sacrifício de louvor” do Cristo Ressuscitado que venceu a morte, tornando-se nossa Libertação (Páscoa).

O significado dos gestos

A fé assume o ser humano como um todo, corpo e alma. Rezamos com o nosso corpo inteiro e não apenas com os lábios e a mente. A Missa é esse louvor visível do Povo de Deus. Vejamos o significado de alguns gestos.

Sentado: É uma posição cômoda que favorece a aprendizagem, boa para ouvir as leituras, a homilia e meditação.

De pé: É uma posição de quem ouve com atenção e respeito, tendo toda consideração pela pessoa que fala. Indica ainda prontidão e vontade de obedecer. É também a posição “orante” mais antiga.

De joelhos: É uma posição que indica temor e homenagem. Nos ajoelhamos para nos confessamos e durante a consagração do pão e do vinho. (Fl 2,10).

Genuflexão: É um gesto de adoração a Jesus na Eucaristia. Fazemos quando entramos na igreja e dela saímos, diante do altar ou do sacrário.

Inclinação: É sinal de grande respeito. Costuma-se inclinar a cabeça ao se ouvir o nome da Santíssima Trindade e ao se recitar a frase “E encarnou por obra do Espírito Santo, da Virgem Maria” no Credo Niceno, ao receber a Bênção e a Absolvição.

Procissão: Na Missa podem existir diversas procissões, as mais importantes são a de Entrada, do Evangelho, do Ofertório e da comunhão.

Prostração: Significa entrega total a Deus. É feita por aqueles que vão se ordenar ou consagrar à vida religiosa.

Mãos levantadas: Significa súplica e entrega a Deus e Mãos unidas: Significam recolhimento interior, busca de Deus, fé, súplica e confiança.

Silêncio: O silêncio tem seu valor na oração. Ajuda a aprofundar os mistérios da fé.Uma Missa que não tenha nenhum momento de silêncio é como a chuva forte e rápida que impressiona mais não penetra a terra.

 

A DIVISÃO DA MISSA

 

 

A Missa está dividida em duas partes principais: Liturgia da Palavra e Liturgia Eucarística. A Liturgia da Palavra é composta pela Coleta do Dia, as leituras do Antigo Testamento e do Novo Testamento, do Evangelho e da pregação seguida de Credo, e, também de hinos e salmos, sendo o Evangelho o ponto culminante do Rito. Ela tem um conteúdo da maior importância. Nesta hora, Deus nos fala solenemente. Fala a uma comunidade reunida como seu povo e fala intimamente a cada um dos presentes.

 

RITOS INICIEFPS: Preparação que consiste no Convite para a Missa ou no Comentário litúrgico do dia e no Cântico de entrada, seguido Procissão dos celebrantes que nos lembra que, como Povo de Deus, somos peregrinos nessa terra; a Inclinação profunda (vênia) e o Beijo no altar que o presidente da celebração faz lembrar a presença de Cristo na Igreja (Altar); a Acolhida e o Sinal da cruz são o reconhecimento por parte da comunidade que todos estão juntos pela graça da chamada de Deus, Pai, Filho e Espírito Santo. Em seguida podemos ter o Ato penitencial. Após saudar a Assembléia presente, o sacerdote convida a todos a pedirem o perdão e a santidade de Deus, por meio da Coleta pela pureza. Após um instante de silêncio, meditando nas palavras do Súmario da Lei, todos, de forma contrita, fazem a Confissão coletiva. Essa pode ser em forma de litania (ladainha) Senhor, tende piedade ou cantando o Kyrie (Senhor tende piedade de nós etc). Após, segue-se à Absolvição pelo sacerdote.

Todo esse ato pode ser substituído pela Aspersão da água, que nos convida a rememorar-nos o nosso compromisso assumido pelo batismo e através do simbolismo da água pedirmos para sermos purificados.

Depois recitamos ou cantamos a Glória, que é um hino de louvor à Santíssima Trindade. Louvamos a Deus, expressando através do canto nossa alegria de sermos seus filhos e filhas. Vem logo após o ato penitencial, porque o perdão de Deus nos faz felizes e agradecidos.

Finalizando os Ritos iniciais com a Coleta do Dia. Coleta vem do latim “collígere”, que quer dizer reunir, recolher, coletar. Por isso que chamamos essa oração de Coleta do dia: ela quer reunir, numa só oração, todas as orações da Assembléia. Começa com o “oremos”, seguida por um instante de silêncio, e termina com o “amém” de toda a Assembléia. É como se cada um estivesse “assinando” a oração como sua.

 

RITO DA PALAVRA: Normalmente são feitas três leituras extraídas da Bíblia. Jesus disse que não veio abolir, mas cumprir o Antigo Testamento (Mt 5,17). A vida de Jesus é o cumprimento de todas as profecias. Por isso começamos pela leitura dos profetas e patriarcas.

Após a Primeira Leitura, vem o Salmo Responsorial. É uma espécie de eco ou resposta a mensagem proclamada. Pode ser substituído por um Cântico meditativo, desde que não fuja do sentido do texto. A Segunda Leitura é retirada de uma Epístola (Carta) de um apóstolo, do Livro dos Atos dos Apóstolos ou do Livro do Apocalipse.A Liturgia da palavra é uma verdadeira “Escola Bíblica”, porque no decorrer do ano, nos dá uma visão da História da Salvação, recordando quase toda a Bíblia.

O ápice é a Leitura do Evangelho. É o Senhor quem nos fala neste momento e é preciso nos preparar para isso. A Assembléia a se põe de pé, para aclamar as palavras de Jesus. Todos devem se virar para o Evangelho. O Canto de Aclamação tem como característica distintiva a palavra "Aleluia", um termo hebraico que significa "Louvai o Senhor". A procissão com as velas e o incenso demonstram a grandeza desse momento.

Depois temos a Homilia ou Sermão que é o momento em que o sacerdote, como homem de Deus, traz para o presente aquela palavra pregada por Cristo há dois mil anos. Neste momento, devemos abrir os corações e ouvidos (Lc 10,16).

Logo depois temos a Profissão de Fé, (Credo ou Símbolo) que é o nosso “juramento público”, aquilo que nos diferencia de outras religiões. Existem dois Credos principais, O Símbolo dos Apóstolos (séc. I) e o Símbolo Niceno-Constantinopolitano (séc. IV).

O primeiro é mais curto, mais simples; o segundo redigido para eliminar certas heresias (erros) a respeito da divindade de Cristo, é mais longo, mais completo. Na prática, usa-se o segundo nas grandes solenidades da Igreja. Na Oração dos féis ou da comunidade apresentamos nossas súplicas ao Senhor e intercedemos por toda a humanidade.

A Saudação da paz finaliza a Liturgia da palavra. Embora possamos saudar em outro momento é importante entendermos porque ela deve ser feita aqui. A Eucaristia é sempre um atocomunitário. É preciso estar em paz com o próximo para podermos ofertar ao Senhor (Mt 5,23-24). Por isso a saudação da paz é feita antes do ofertório, que inicia a LITURGIA EUCARÍSTICA.

 

A paz é um dom de Deus. É o maior bem que há sobre a terra. A paz foi o que Jesus deu aos Apóstolos como presente de sua Ressurreição (Jo 14,27). Assim, por meio de Cristo, em paz com Deus, com nosso próximo e conosco mesmo, podemos oferecer nosso sacrifício de louvor e ação de graças.